Rolante é uma pequena cidade no Rio Grande do Sul, com 22 mil habitantes, onde 180 estabelecimentos comerciais e de serviços aceitam bitcoin como pagamento. Lá você come se hospeda, vai ao cabeleireiro, compra remédios, decora a casa, compra roupas, toma sua cervejinha e até vai ao hospital pagando em satoshis pela rede Lightning.
Bitcoin nasceu com o propósito de ser uma moeda corrente que não tem uma instituição, governo ou banco como intermediário de transações. Nasceu como resposta à decisão do governo americano de usar o dinheiro dos contribuintes para salvar bancos milionários que disseram que iriam quebrar por investirem irresponsavelmente suas reservas em produtos insustentáveis. Os famosos bailouts, nome dado a injeção de dinheiro para salvar instituições financeiras consideradas “too big to fail” (muito grandes para falirem - pois muitas pessoas dependiam delas para suas reservas financeiras) o que desequilibraria a economia de uma forma que o sistema financeiro vigente não teria mais como existir.
Mesmo com um propósito claro, bitcoin hoje é muito pouco usado como moeda corrente. Porém, a cada dia surgem novos lugares adotando bitcoin para pagar por serviços e produtos.
O caso mais famoso é El Salvador, outro, a cidade de Lugano na Suíça, mas, hoje vamos apresentar a vocês uma pequena cidade no sul do Brasil onde você pode pagar quase tudo com bitcoin. Do mercado ao hospital, apenas os serviços regidos pelo governo, como água e luz, não fazem parte desta economia, adotada rapidamente por todos os cidadãos e 30% dos comércios. Esta cidade se chama Rolante.
Rolante é uma pequena cidade no Rio Grande do Sul, com 22 mil habitantes, onde 180 estabelecimentos comerciais e de serviços aceitam bitcoin como pagamento. Lá você come se hospeda, vai ao cabeleireiro, compra remédios, decora a casa, compra roupas, toma sua cervejinha e até vai ao hospital pagando em satoshis pela rede Lightning.
“Em Rolante, viver a vida totalmente em Bitcoin é uma realidade. Aqui, você encontrará agências de turismo, guias especializados e uma diversidade de serviços, desde lojas de departamentos e óticas até imobiliárias, construtoras, arquitetos, móveis, materiais de construção e energia solar. Na área da saúde, conte com farmácias, massoterapeutas, fisioterapeutas e serviços odontológicos de ponta e até o hospital da cidade aceitando Bitcoin como pagamento” .
Tudo começou por causa do turismo.
A economia de Rolante sempre foi baseada no turismo, em suas vinícolas e produtos produzidos na cidade. É considerada a “Capital nacional da Cuca”, doce típico do sul do Brasil, e faz parte da Rota das Pipas, com várias vinícolas e lindas cachoeiras. Porém, apesar de todo o potencial turístico ela fica próxima de Gramado e Canela, as duas mais famosas cidades do circuito de vinhos e turístico da região, o que fazia de Rolante uma opção menos visitada pelos turistas. E foi este contexto que impulsionou a adoção do bitcoin como moeda da cidade e como interesse de turistas para uma experiência de como pode ser o futuro do dinheiro.
Ricardo e Camila (que se comportam como Satoshi Nakamoto, querem ser o menos conhecidos possível), entusiastas do bitcoin, saíram da capital, Porto Alegre para ir morar em Rolante em busca de uma melhor qualidade de vida. Lá foram conhecendo todas as belezas da região, sentindo seu potencial, e entrando para a comunidade, ouviram de muitos comerciantes sobre a falta de esforço da prefeitura em fomentar o turismo da cidade.
Amigo de um produtor de vinhos, Rodrigo apresentou a ele o bitcoin. Entusiasmado, propôs a Rodrigo que ensinasse outras pessoas e organizou uma reunião no centro empresarial da cidade, e para sua surpresa 50 comerciantes apareceram para aprender sobre bitcoin.
Do turismo para a economia circular: educação.
Aquela reunião, 15 de março de 2023, foi o pontapé para o Projeto Bitcoin É Aqui!.
O projeto teve como primeiro passo a educação das pessoas sobre o que é o Bitcoin, descentralização, criptomoeda, custódia, rede lighjtning, como usar carteira, e tudo em torno da criptoeconomia especialmente sobre o bitcoin.
Também foram desmistificadas as ideias sobre ilegalidade da moeda, aqui no Brasil bitcoin não é ilegal, e ensinado que está dentro das regulamentações do país e da Receita Federal, sempre uma preocupação de empresários que não sabiam de nada disso.
Resultado: Em apenas 6 meses 180 estabelecimentos adotaram o bitcoin como forma de pagamento. Os comerciantes, com seus adesivos “aqui aceita bitcoin” geraram uma corrente de multiplicação desta educação para seus clientes e toda a população da cidade, e estes começaram também a adotar e usar o bitcoin para suas compras, e agora podem viver usando bitcoin, uma vez que 30% dos estabelecimentos já aceitam a moeda. A comerciante vende sua Cuca em satoshis e paga sua manicure em satoshis.
