Como não começar falando da agitação do sistema financeiro mundial destas duas últimas semanas.Bancos quebrando, bolsas caindo, criptos subindo e em meio a falas de Barney Frank, famoso político americano, que afirmou que fechamento do banco Signature foi uma mensagem anti-cripto muito forte do governo dos Estados Unidos ao mercado de criptomoedas, o Brasil vai em movimento contrário e tem se tornado a cada dia mais “cryptofriendly”.
A recente quebra dos bancos Silverggate, SVB e Signature Bank não teve impacto negativo sobre os investidores brasileiros em criptomoedas.
O Brasil continua apresentando avanços consideráveis em pagamentos digitais, redução de custos e inclusão financeira.
A popularidade da criptomoeda, medida pelas pesquisas do Google, está crescendo no país do Rio de Janeiro em mais de 350% e isso anda de mãos dadas com o aumento do número de caixas eletrônicos para criptomoedas, regulamentações sobre o assunto e a criação de sua própria criptomoeda.
Sem nenhuma das principais exchanges brasileiras terem exposições ao Silverggate, Sillycon Valley Bank e Signature Bank, os investidores que transacionam e investem através do Mercado Bitcoin, Coinext, Foxbit, Bitypreço, NovaDax e Bitsu não tiveram impacto negativo em seus investimentos em criptomoedas, ao contrário, viram todo este cenário de crise uma oportunidade de crescerem seus patrimônios com a valorização dos criptoativos.
Até mesmo o token da Tether (USDT), a stablecoin recém listada pelo Mercado Bitcoin em meio a este momento de turbulência, viu a migração dos investidores de sua concorrente correrem para ela, depois da USDC perder a paridade com o dólar por de ter seu lastro bloqueado no Silicon Valley Bank.
Este cenário de investimento em inovação, até colocou o Brasil no radar de Larry Fink, CEO da BlackRock, maior fundo de investimentos do mundo, que disse em carta pública anual para os investidores que o Brasil é um exemplo de país onde observa um “avanço gigante em pagamentos digitais”.
Segundo ele “Em muitos mercados, como Índia, Brasil e partes da África, nós estamos testemunhando um avanço gigante em pagamentos digitais e na redução de custos e inclusão financeira. Em contraste, muitos mercados desenvolvidos, incluindo os Estados Unidos, estão ficando para trás em inovação, deixando os custos dos sistemas de pagamento muito mais altos”.
Toda esta movimentação no mercado de criptoeconomia se refletiu também na última pesquisa da HedgewithCrypto que apontou que o Brasil, junto com a Austrália - que ocupa o primeiro lugar - e Estados Unidos, segundo no ranking, pode fechar 2023 como um dos 3 maiores países do mundo em adoção de criptomoedas.
Através da análise de fatores como: porcentagem da população que está adotando cripto, número de caixas eletrônicos de criptomoedas em operação, legislação e popularidade online das criptomoedas, medidas por pesquisas no Google, o Brasil obteve pontuação de 6,81 em 10, com o aumento mensal de 355% nas pesquisas no Google e o aumento de 0, em 2020, para 25 caixas eletrônicos de no país em 2023. Além, claro, da legislação e regulamentação do mercado de criptoativos e criação da própria moeda digital, o que faz o ecossistema confiável e seguro.
E o que aconteceu com a empresa Ledger confirma essa possibilidade. A fabricante da cold wallet, carteira de criptomoedas, de mesmo nome, após anunciar sua entrada oficial no Brasil, em parceria com o market place Kabum, um dos maiores da América Latina, teve todo o seu estoque comprado em apenas 1 dia. Restando a quem não conseguiu comprar, fazer uma pré-reserva para a próxima remessa, que não tem previsão de quando chegará.
Outros movimentos que mostram esta tendência do país adotar cada vez mais a criptoeconomia são as iniciativas das grandes empresas em investir e entrar neste mercado.
Inspirada pelo case do Nubank que criou seu próprio token, que será usado inicialmente como programa de relacionamento com seus clientes, o Magazine Luiza (MAGALU) em parceria com o Mercado Bitcoin, estuda lançar também a própria criptomoeda para ser usada no seu ecossistema de varejo como programa de benefícios a clientes e lojistas e estuda também a possibilidade de permitir a compra de produtos em sua plataforma de varejo usando criptomoedas.
Na semana passada, o MAGALU anunciou sua entrada no segmento de ativos digitais por meio de uma parceria com o Mercado Bitcoin para negociar Bitcoin e Ethereum na plataforma da conta digital.
A Basf do Brasil, é outra grande empresa que se lançou no mercado com o ReciChain, seu token próprio, na mesma blockchain do Real digital do Banco Central do Brasil, o Hyperledger Besu. O foco da moeda é incentivar iniciativas renováveis e “criar uma ponte entre a cadeia da logística reversa e as empresas que podem usar matéria-prima reaproveitada na produção” processo do qual a tecnologia blockchain entra como solução. A empresa quer vender os tokens a empresas com metas de reciclagem, como é o crédito de carbono, e usar o dinheiro para investir em iniciativas de economia circular.
Blockchain e inteligência artificial (IA) aplicadas à agricultura também são tópicos centrais do acordo de cooperação científica assinado pela EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e o Conselho Nacional de Pesquisa da Itália. O uso da tecnologia Blockchain direcionada ao campo já se mostrou eficiente e inovadora com a plataforma de tokenização de terras produtivas lançada por empresários da Argentina com tokens e será a base de desenvolvimento de pesquisas e projetos, inseridos nos ambientes rurais e cadeias de consumo e produção de agricultura e pecuária, em conjunto pelos dois países.
Nenhuma dessas iniciativas de adoção de blockchain e criptomoedas, e a entrada do Brasil na criptoeconomia seria possível sem existir um ambiente seguro e confiável que incentiva a inovação e isso tem sido acontecido graças à regulamentação e legislação pioneiras que estando sendo implementadas a cada estágio de adoção às novas tecnologias.
O país está tão à frente e desenvolvido no sentido de tornar este ecossistema confiável que muitos contribuintes, que já vem declarando suas criptomoedas desde outros anos, levaram um susto, este mês, ao abrirem seus programas de declaração de Imposto de Renda e a encontraram já pré-preenchidas com valores de saldos de criptomoedas esquecidas em contas de corretoras (exchanges) nacionais que eles não operavam mais e que continham restos de valores pequenos que eles nem lembravam mais que tinham. Outros, que nunca haviam declarado suas criptos foram surpreendidos com a precisão das informações contidas sobre esses investimentos. Desde 2016 a declaração de criptoativos no IRPF é obrigatória, porém desde então a cada ano sofre modificações com objetivo de evitar que o processo de descentralização das blockchains ajude a burlar o pagamento de impostos sobre ganhos de capital, usando de cruzamento de dados com resultados impresionantes. Conheça melhor como declarar suas criptos acessando o site da Receita Federal e evite ser surpreendido pelo leão.
Surpreendida também ficou uma quadrilha sediada em Portugal que aplicava golpes em investidores de criptmoedas do Brasil. A polícia do Distrito Federal junto com a Interpol desarticulou em Lisboa uma empresa de call center que recrutava imigrantes brasileiros que efetuavam ligações diárias para o Brasil para oferecer Day Trade e Forex. A finalidade era aplicar golpes no Brasil através de Portugal. Foram expatriados milhões de reais por meio de um esquema estruturado de criptomoedas, fazem milhares de vítimas durante 4 anos.
Foram expedidos 6 mandatos de prisão, bloqueio de contas bancárias, sequestro de criptomoedas e derrubada de websites.
Agora é continuar neste caminho e esperar o final de 2023, para ver, quem sabe se, além de estar entre os 3, o Brasil não suba no ranking e chegue como mais bem estruturado e com maior adoção de criptomoedas do mundo e comece a ser porto seguro para investimentos globais.
E quem sabe, finalmente, ser o tal país do futuro que tantos cantaram e ninguém viu surgir ainda.